Olá! Voltei com a minha nova coluna favorita! E se acharam a anterior interessante, creio que gostarão mais ainda da dica de hoje.  Trata-Se de uma série do Reino Unido na qual você encontra drama, suspense, ficção científica e tudo o que há de bom.

Em Black Mirror os episódios são independentes mas possuem a mesma temática: Uma sociedade com grande avanço tecnológico, porém os mesmos problemas emocionais de sempre : a reação violenta diante a uma traição, as medidas extremas por causa da perda de um amor, um prazer doentio visto o sofrimento do outro. O perturbador da série é que todos os meios, avanços e aparelhos tecnológicos já estão, em menor grau ou estudados em laboratórios, presentes de alguma forma em nossa sociedade atual, o que nos faz refletir o quanto falta para o caos da série aparecer ou se é que já não nos convivemos com ele e a série apenas exagera. Mas o que tecnologia tem a ver com psicologia? 

Nesse último período, lê-se terceiro, fui introduzida a um segmento da psicologia o qual desconhecia nome e aborgadens. O cognitivismo é uma ciência onde a psicologia é uma das disciplinas participantes do campo, junto com a inteligência artificial, a filosofia da mente, as neurociências, a lingüística, a lógica e a antropologia.
O computador é o elemento que proporcionou o surgimento dessa área apresentando a ideia de uma máquina cognitiva, ou seja, possuidora de memória, linguagem, capacidade de calcular e resolver problemas, abrindo o questionamento sobre o que seria conhecer. É assim que a psicologia sai da exclusividade e outras áreas ganham espaço. O cognitivismo une natureza e artifício através da inteligência artificial .
Quem assistiu ao filme O Jogo da Imitação pode pensar agora no personagem de Benedict Cumberbatch e agradecê-lo pelo primeiro computador. Alan Turing também propõe um teste onde: para uma máquina ser considerada tão excelente quanto a mente  humana, deve-se por ambos em testes e os resultados serão avaliados de forma a apontar quem é máquina e quem é o humano, caso sejam inextinguíveis, pode dizer que a máquina obteve desempenho equivalente ao humano. Porém, surge um argumento que derruba a proposta de Turing: assim como uma pessoa que não sabe chinês em um quarto com um manual de símbolos chineses troca mensagens por papéis com símbolos com um chinês, com a seguintes sugestões do manual: sempre que lhe for apresentado o símbolo X responda com Y. Essas duas pessoas se comunicarão de forma a parecer que ambos dominam os símbolos, porém quando a não falante de chinês for privada do manual não saberá mais se comunicar, ou ainda, ela nem mesmo compreendeu a conversa que teve. E para Searle, dono deste argumento, é isso que o computador faz.
Agora a pergunta é: por que escolhi Black Mirror? Uma das propostas do cognitivismo é que se o cérebro é como um computador e a mente como um programa, é possível instalar uma mente em um computador ou um novo sistema no cérebro. E é isso que alguns episódios da série mostra ser possível, como o episódio de natal, White Christmas, onde clones de mentes já são possíveis e comercializados, vendidos como gestores de seus senhores, afinal sabem tudo sobre a pessoa justamente por o ser. Em propostas anteriores, o clone do corpo era sugerido, doando seus órgãos compatíveis e saudáveis, mas em tempos como os de hoje quem realmente precisa de uma revigorada é a mente. Outra performance da série é a ideia de avatares substituindo nossas funções sociais em um mundo de artificialidade, episódio 15 Million Merits. E também a sugestão de uma máquina substituindo um humano, episódio Be Right Back, que pode ser complementado pelo filme Ela. Agora, sem dúvidas, o episódio mais próximo do capaz é o The Entire History of You, onde possuímos biochips que ampliam nossas capacidades de armazenagem de memória, nossa percepção, tudo isso está acessível como se fosse um programa,  e mais: podemos projetar tudo. Assustadoramente incrível!

Black Mirror é inteligência artificial, é cognitivismo, é psicologia!