#Aquele sobre: A vida amorosa de uma geminiana com vênus em gêmeos

17:57



O primeiro beijo foi aos 12. No dia das crianças. Uma doce ironia. Irmão mais velho da melhor amiga, não muito bonito, interessante, como todos garotos do último ano do ensino fundamental  pareciam para as meninas da 6ª série. Sempre foi madura demais, talvez por isso o primeiro beijo não foi traumático ou assustador. Parecia certo, quase como se já tivesse acontecido antes. E não foi nenhuma surpresa quando ele segurou suas mãos e a pediu em namoro, e ela disse não. E não foi nenhuma surpresa quando ele, para se vingar, no dia seguinte foi até a rua da sua casa, beijou outra amiga da irmã, a presenteando com essa vista da janela do quarto, e ela nem chorou. Na verdade, via certa comicidade nisso. "Quem me jurava amor, já está nos braços de outra. Deve ser um tipo de recorde".
Por não sentir nada demais na primeira tentativa, a segunda demorou dois anos. Festa de debutante. O carinha que sempre foi afim dela estava lá. Todos já especularam que, quem sabe, a chance dele era aquela noite. Papo, ele tinha. Não era à toa que ganhou o título de mais galinha da cidade, mas de alguma forma, sempre foi ela. A primeira cartinha de amor: "Marque X se você quer ser minha namorada", bilhetinhos que sempre acabavam lidos em voz alta pela professora. "Ele gosta tanto da sua filha", conversa de mãe de filho apaixonado e mãe de filha de coração de pedra. Mas sempre acontece aquele famoso "se você ficar, eu fico", filosofia de festas de adolescente. Então ela ficou. E ele foi no dia seguinte a buscar no colégio. "Eu sei porque você veio", provocavam as amigas, "foi por isso mesmo", ele afirmava, mas todas já tinham certeza. Ela, porém, nem ligava. Muito menos quando ele mudou: "estou trabalhando, me dedicando aos estudos, sou carinhoso, coisa que nunca fui", tipo de mensagem que nunca a balançou. E assim foram anos, era certo de que não tinha fidelidade à ela, mas as namoradinhas sempre eram as mesmas, ainda assim, nunca eram ela. E nunca seriam.
E então vieram as férias na casa de uns tios. Esse tipo de coisa acontece. Não admitirá pra ninguém. Não retornou mensagens. Preferiu apagar. Só tinha 14 anos, se deixou levar. Férias. Verão. Cidade grande. Nada de sangue envolvido, mas, ainda assim, família. 
Esse desapego todo incomodava. Aos 16 a mãe já perguntava onde diabos estava seu namorado. Ela não tinha, nem planejava, na realidade. Algumas coisas foram a deixando triste, o tipo de tristeza que só um amor cuida, amor de amigo, irmão, namorado? Ainda não. Mas então o melhor amigo foi mostrando que queria algo mais, foi merecendo algo mais, e quando ele tentou roubar um beijo, ela permitiu. Assim como permitiu os outros seguinte, por cinco meses, é verdade que nada era público, e parecia mais um bem-estar do que uma paixão. Por isso mesmo não mediu esforços para tentar amar de volta. Focou no jeito que ele a olhava, abraçava, beijava, aprendia todas as canções que ela gostava, ensinava tocar violão, colocava John Mayer sempre que ela o visitava e, principalmente, tentou amar o amor dele. Mas, não conseguiu. Chegou até dizer que amava, quem sabe o segredo era aquele? Nada feito. 
Mudou de cidade, estado, de amigos, foi pra faculdade. Três anos de pura reflexão e saudade. Saudade de alguém pra conversar até cair no sono, alguém pra compartilhar a música favorita, alguém que a abrace, coisa que secretamente até gosta. Saudade de... Um pouco de intimidade, talvez? 
E agora deu pra acreditar que encontrou. Encontrou intimidade, felicidade sem culpa. Ainda acha que deveria amar um pouquinho mais, se entregar um pouquinho mais. Mas "eu te amo" já não é mais uma tentativa de amar de verdade, já é amor. Se permitiu andar de mãos dadas, se permitiu beijar no mercado e passar a tarde abraçados. Se permitiu. Se permite. Está se permitindo. E até agora vai bem, muito obrigada.
Ah, o ascendente? É câncer!

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8 comentários

  1. Olá,
    Me sinto assim às vezes, meio coração de pedra, mas tenho essa coisa de antes sozinha do que com alguém que não mexe comigo, coisas da vida. A questão no meu caso nem é se permitir, é achar alguém que faça eu querer me permitir. No fim das contas fico feliz que essa história teve um final feliz.
    Beijos.
    Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com

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  2. Eu sou meio difícil para amar, não sei direito, acho que sou sempre meio dormente nos sentimentos, é complicado hehe


    Beijos
    Brilho de Aluguel

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  3. Por mais que tente não consigo esconder meus sentimentos, por mais calejada que pareça! Eu sou puro sentimento. Ótimo texto!

    Beijos,
    Joi Cardoso
    Estante Diagonal

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  4. Mesmo sem me identificar com a história (eu sou sempre o coração mais quente, que se derrete por tudo), eu amei. Tinha uma sensibilidade que textos na terceira pessoa raramente trazem.
    Adorei muito; bem escrito de verdade.

    Beijos,
    Bi.

    - www.naogostodeunicornios.com

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  5. Sentimentos é uma coisa difícil de lidar, ainda mais quando se trata dos seus.
    Post it & Livros

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  6. Confesso que muitas vezes sou até fria demais, talvez por medo de arriscar e não dar certo. Coisas da vida né?


    Beijoos, Ana Carolina
    www.simplesglamour.com.br
    Instagram e Twitter: @simplesglamour

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  7. Eu sou ao contrário. Vejo amor onde não tem!
    Beijinhos.

    http://dearitgirl.blogspot.com.br/

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  8. Adorei o texto e o título.
    Acho que sou meio fria com essas coisas...acho que é pq aprendi a ficar sozinha.

    P.S.: Fique a vontade para responder a TAG Frases de Mãe :D


    tenha um ótimo domingo =D
    Nana - Obsession Valley

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